segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Açúcar: a amarga verdade


    A frutose é um importante carboidrato da dieta e é produzida no organismo a partir da glicose pela via do sorbitol (imagem ao lado). Ela é conhecida pelos erros inatos do seu metabolismo e pela possibilidade de desenvolvimento de características da síndrome metabólica caso haja consumo excessivo, além do aumento de triglicerídeos e colesterol no sangue.

    O título desta postagem faz referência a uma palestra ministrada por um médico pediatra e neuroendocrinologista americano, Dr. Robert Lustig, em 2009, cujo vídeo segue em anexo. Para ele, a frutose é um veneno e desnecessária para o organismo, uma vez que ela não participa de nenhuma reação vital. Além disso, suas pesquisas afirmam que doses excessivas de frutose sobrecarregam o fígado que, como consequência, confunde o sistema nervoso central, mais especificamente o hipotálamo, com uma substância química que produzimos quando comemos, a leptina, hormônio que restringe a ingestão alimentar. Desse modo, com a leptina funcionando de forma errônea, sentimos fome constantemente, o que ser uma causa de futura obesidade.
    
    Uma pesquisa um tanto menos categórica feita pela Universidade de Yale identifica a frutose como um fator capaz de interferir no hipotálamo de maneira diferente da glicose. Isso foi verificado porque o aumento de frutose foi acompanhado pelo aumento da prevalência da obesidade e de resistência insulínica. A prevalência da obesidade pode ser explicada com o fato de que a ingestão de frutose produz menor quantidade de hormônios sacietógenos se comparada com a glicose. A conclusão dessa pesquisa é que uma caloria de frutose é mais obesogênica do que uma de glicose por não desativar tão intensamente a área de apetite do hipotálamo.

    Outro ponto importante da frutose é que sua metabolização produz gliceraldeído-3-fosfato, composto intermediário da glicólise e gliconeogênese, podendo ele seguir as duas vias. Caso siga a via da glicólise, diminuirá a necessidade de glicose  pelo músculo, principalmente, gerando hiperglicemia, que, a longo prazo, pode gerar diabetes tipo 2 por gerar resistência insulínica. Caso siga a via da gliconeogênese, irá aumentar a quantidade de glicose sanguínea, acarretando nos mesmos problemas.

    É importante ressaltar que a frutose é capaz de gerar toda essa gama de problemas caso consumida em excesso. No entanto, há uma quantidade mínima necessária de sua ingestão para que o organismo mantenha-se funcionando bem. Os fatos aqui expostos estão relacionados à sua ingestão em demasia.

Referências:
Vídeo "Sugar: the bitter truth" do Dr. Robert Lustig, publicado em 30/07/2009

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Bioquímica do Açúcar

Os açúcares fazem parte de um grande grupo de nutrientes energéticos - os carboidratos - e, em geral, eles possuem um sabor adocicado. Os açúcares mais comuns na alimentação humana são sacarose, frutose, glicose e, em menor quantidade, a galactose, que, juntamente com a glicose, forma o açúcar do leite: a lactose. A oxidação desses açúcares é a principal via metabólica fornecedora de energia para os organismos não-fotossintéticos.


A maioria dos açúcares são monossacarídeos (açúcares simples) ou dissacarídeos, ou seja, a união de dois açúcares simples pode formar açúcares mais complexos. Um exemplo, além da lactose, é a sacarose (açúcar da cana), que é a união de uma glicose a uma frutose. A união entre esses monossacarídeos ocorre por desidratação e a ligação é denominada glicosídica.

Primeiramente, descreverei os monossacarídeos, também denominados açúcares simples. Sua fórmula estrutural é, costumeiramente, Cn(H2O)n, 2 < n <8, sendo divididos em trioses (n=3), tetroses (n=4), pentoses (n=5), hexoses (n=6) ou heptoses (n=7).

De uma forma geral, os açúcares simples contêm em sua estrutura química carbonos assimétricos, ou seja, carbonos saturados com quatro ligantes diferentes. Isso acarreta na formação de dois isômeros - D ou L, por convenção - que desviam o plano da luz polarizada para lados diferentes. A maioria dos monocarboidratos que estão presentes em mamíferos pertencem à configuração D, sendo as enzimas responsáveis pelo metabolismo desses carboidratos específicas para essa configuração. Carboidratos que apresentam a configuração diferente em apenas um carbono são denominados epímeros.


 Além dessa classificação em D ou em L-carboidratos, os monossacarídeos também são classificados em aldoses ou cetoses dependendo da presença de um ou outro desses grupamentos (aldeído ou cetona, respectivamente).



Os dissacarídeos (como a lactose e a sacarose) são constituídos por dois monossacarídeos unidos covalentemente entre si por uma ligação glicosídica  a qual é formada quando um grupo hidroxil de uma molécula de açúcar reage com o átomo de carbono anomérico de outra molécula de açúcar. Essa reação ocorre por desidratação.


O açúcar e a obesidade


Um estudo de dezembro de 2012 publicado na British Medical Journey afirmou que há uma correlação entre a obesidade e o consumo de açúcar individual. Esse consumo de açúcar promove diversos malefícios se feito frequentemente e de maneira indiscriminada com relação à quantidade. Um deles é a hiperglicemia sanguínea contínua, que faz que o pâncreas permaneça produzindo insulina continuamente. Como resultado, o indivíduo pode desenvolver resistência a esse hormônio e levar à falência das células beta as ilhotas de Langerhans do pâncreas, aumentando sua predisposição ao desenvolvimento de diabetes tipo II (insulinoindependente).

Algo muito interessante de se levar em consideração é que os açúcares, em especial a frutose, agem diretamente no hipotálamo, uma região do sistema nervoso central que atua no controle da fome. O açúcar dificulta esse controle da fome e, dessa forma, o indivíduo irá comer mais e suas chances de desenvolver obesidade aumentam.

Um estudo que compara a queda do nível de glicose em pessoas obesas e não obesas por meio de ressonância magnética mostrou que, no primeiro grupo, o impulso para comer doces e lanches calóricos é especialmente forte em comparação ao segundo grupo. Além disso, a vontade dos obesos de se alimentarem continuava mesmo depois de eles já o terem feito, diferentemente das pessoas de peso normal, cujo desejo desaparecia após a alimentação. Isso tudo pode indicar que, em obesos, o mecanismo de restrição associado à glicose, por exemplo, foi perdido, explicando porquê essas pessoas sentem vontade de comer pouco depois da última refeição.


Por esses e outros motivos, a regulação no consumo de açúcares é importante para a o crescimento saudável do indivíduo. Caso isso não ocorra, há a possibilidade de desenvolvimento de várias doenças. Ao longo do nosso blog, falaremos mais da relação entre açúcar e obesidade e da própria obesidade em si.



Referências:

Livro Lehninger Princípios de Bioquímica; Editora Sarvier; 3 Edição; agosto de 2002.

domingo, 13 de outubro de 2013

Sibutramina


O que é a sibutramina?


   Sibutramina aumenta  o metabolismo e, portanto,  também  a queima    de calorias, além  de inibir o apetite. Funciona por meio do aumento dos níveis de dois mensageiros no cérebro: norepinefrina e serotonina. Estes elementos são responsáveis   por acionar o mecanismo de saciedade - o centro de satisfação no cérebro – o que auxilia a comer apenas o suficiente. Desse modo é possível eliminar o peso adicional além do que se perderia somente com dieta e atividade física.Assim, ela é uma substância aplicada no tratamento de obesidade, vendida mediante prescrição médica. Criada inicialmente como antidepressivo.

   Sua comercialização está proibida desde 2010 nos Estados Unidos, baseada nas evidências de um estudo denominado SCOUT realizado na Europa que durou seis anos e envolveu 10.000 pessoas obesas, alegando que a maioria dos pacientes desenvolveu complicações cardiovasculares. Entretanto ela continua sendo utilizada no Brasil, já que a  Anvisa liberou a pílula sob venda restrita - mas vedou inibidores de apetite que levavam anfetamina na fórmula. Isso porque o remédio para emagrecer gerou muitos casos de problemas cardiovasculares nos pacientes que o utilizaram. Apesar de tudo, a Sibutramina é a pílula para emagrecer mais procurada para o tratamento da obesidade.


Pra quem esse medicamento é recomendado?


   De acordo com endocrinologista Walmir Coutinho, professor de endocrinologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), no Rio de Janeiro, e presidente da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade (Iaso, na sigla em inglês), a sibutramina deve ser utilizada por pacientes com grau de obesidade 1 (quando o Índice de Massa Corpórea, IMC, está entre 30 e 34,9), 2 (IMC, está entre 35 e 39,9) e 3 ( IMC está acima de 40).

Contra-indicações

   A sibutramina é um medicamento indicado para tratar a obesidade e deve ser utilizado apenas como adjuvante no tratamento da obesidade exógena, pois são necessários restrição calórica, aumento da atividade física e modificação do comportamento, tudo isso sob orientação médica devido aos riscos envolvidos.
   Os casos de contraindicação são muitos, dentre eles podem ser citados: Idade inferior a 16 anos ou superior a 60, uso de álcool, obesidade relacionada a outras causas como hipotireoidismo, gravidez, uso de antidepressivos ou medicamentos que atuam no sistema nervoso central, antecedentes de transtornos alimentares como anorexia nervosa ou bulimia, glaucoma, história de hipertensão arterial ou de doença cardíaca, dentre outros casos.

A sibutramina provoca efeitos colaterais?



   De acordo com a ANVISA, são diversos os efeitos colaterais que o medicamento a base de sibutramina pode apresentar. Destacam-se as reações do cérebro e cardiovasculares, que representaram quase a metade das reações adversas. Pode ocorrer dor de cabeça, boca seca, anorexia, náusea, sudorese, nervosismo e palpitação, hipertensão, dentre outros.

 A ANVISA atenta para o fato de a sibutramina agir nos neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina e a dopamina, fazendo com que essas substâncias fiquem disponíveis por mais tempo estimulando os neurônios.  Assim, a pessoa que faz uso desse medicamento sem orientação médica pode vir a desenvolver problemas psiquiátricos como aversão à comida, insônia, alucinações, agressividade e exaltação do humor, comportamento de risco, ansiedade, dentre outras desordens.

   Vale dizer que os efeitos do uso da sibutramina por um longo prazo ainda são desconhecidos, devido ao pouco tempo de experiência e aos poucos estudos de longo prazo envolvendo o medicamento. O seu uso deve ser indicado e sempre acompanhado por um médico e não deve exceder um ano.

Por Gabriella Riccardi

sábado, 12 de outubro de 2013

Tratamentos da Obesidade

       O tratamento da  obesidade   envolve necessariamente a reeducação alimentar, o aumento da atividade física e,  eventualmente, o uso de algumas medicações auxiliares.  A primeira opção  para se  livrar do  excesso de  peso  é  o chamado  tratamento   clínico, que   inclui   dieta,  exercícios,  medicação e  acompanhamento  de   endocrinologista  e nutricionista. Também podem fazer parte da equipe um fisioterapeuta e um psicólogo. O objetivo é conscientizar o paciente da necessidade de trocar o sedentarismo e a má alimentação por hábitos de vida mais saudáveis que contemplem atividade física e dieta balanceada.
       Nos casos em que a obesidade traz prejuízos à saúde e o tratamento clínico se mostra ineficaz, o tratamento cirúrgico deve ser considerado. O método é conhecido popularmente como “redução de estômago”, mas vai muito além. Existem vários tipos de cirurgias disponíveis e cabe ao médico apresentá-los ao paciente e recomendar o mais apropriado – e seguro – para cada caso.

Reeducação alimentar

Independentemente do tratamento proposto, a reeducação alimentar  é  fundamental,  uma vez que, através dela, reduziremos  a ingesta calórica total e o ganho calórico decorrente.  Esse procedimento pode necessitar de suporte emocional  ou social, através de tratamentos específicos (psicoterapia individual, em grupo ou familiar). Nessa situação, são amplamente conhecidos grupos de reforço emocional que auxiliam as pessoas na perda de peso.

Dentre as diversas formas de orientação dietética, a mais aceita cientificamente é a dieta hipocalórica balanceada, na qual o paciente receberá uma dieta calculada com quantidades calóricas dependentes de sua atividade física, sendo os alimentos distribuídos em 5 a 6 refeições por dia, com aproximadamente 50 a 60% de carboidratos, 25 a 30% de gorduras e 15 a 20% de proteínas. 

Não são recomendadas dietas muito restritas (com menos de 800 calorias, por exemplo), uma vez que essas apresentam riscos metabólicos graves, como alterações metabólicas, acidose e arritmias cardíacas.
Dietas somente com alguns alimentos (dieta do abacaxi, por exemplo) ou somente com líquidos (dieta da água) também não são recomendadas, por apresentarem vários problemas. Dietas com excesso de gordura e proteína também são bastante discutíveis, uma vez que pioram as alterações de gordura do paciente além de aumentarem a deposição de gordura no fígado e outros órgãos.

Exercícios Físicos

        É importante considerar que atividade física é qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos que resulta em gasto energético e que exercício é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de melhorar ou manter o condicionamento físico.
O exercício apresenta uma série de benefícios para o paciente obeso, melhorando o rendimento do tratamento com dieta. Entre os diversos efeitos estão: diminuição da vontade de se alimentar, redução do do percentual de gordura, aumento do bem-estar e melhora da auto-estima
        O paciente deve ser orientado a realizar exercícios regulares, pelo menos de 30 a 40 minutos, ao menos 4 vezes por semana, inicialmente leves e a seguir moderados. Esta atividade, em algumas situações, pode requerer profissional e ambiente especializado, sendo que, na maioria das vezes, a simples recomendação de caminhadas rotineiras já provoca grandes benefícios.

Medicamentos

A utilização de medicamentos contribui de forma modesta e temporária no caso da obesidade, e nunca deve ser usados como única forma de tratamento. Boa parte das substâncias usadas atuam no cérebro e podem provocar reações adversas graves, como: nervosismo, insônia, aumento da pressão sanguínea, arritmia cardíaca, boca seca, intestino preso e até surtos psicóticos. Um dos riscos mais preocupantes dos remédios para obesidade é o de se tornar dependente. Por isso, o tratamento medicamentoso da obesidade deve ser acompanhado com rigor e restrito a alguns tipos de pacientes.
No que se refere ao tratamento medicamentoso da obesidade, é importante salientar que é comum o uso de uma série de substâncias não apresentam respaldo científico. Entre elas se incluem os diuréticos, os laxantes, os estimulantes, os sedativos e uma série de outros produtos, frequentemente, recomendados como "fórmulas para emagrecimento". Essa estratégia, além de perigosa, não traz benefícios a longo prazo, fazendo com que o paciente retorne ao peso anterior ou até ganhe mais peso do que o seu inicial.

Cirurgia Bariátrica



Pessoas com obesidade mórbida e comorbidades, como diabetes e hipertensão, podem optar por fazer a cirurgia de redução de estômago para controlar o peso e sair da obesidade. Existem quatro técnicas diferentes de cirurgia bariátrica para obesidade reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM): Banda Gástrica Ajustável, Gastrectomia Vertical, Bypass Gástrico e Derivação Bileopancreática. A escolha da cirurgia dependerá do quadro do paciente, do grau de obesidade e das doenças relacionadas.
          A cirurgia bariátrica não tem fins estéticos, é uma cirurgia que vai alterar o hábitos e a qualidade de vida do paciente com o objetivo de fazê-lo ter uma vida mais saudável e longa. Os métodos para o tratamento cirúrgico contra a obesidade são bem radicais e devem ser feitos em condições extremas, ou seja, quando o paciente não consegue mais reduzir seu peso sozinho e corre risco de morte devido à obesidade

Cuidados


  • Não deposite as esperanças do tratamento da obesidade apenas no medicamento ou na cirurgia, pois o resultado depende principalmente das mudanças nos hábitos de vida (dieta e atividade física)
  • Com o tempo, o medicamento para obesidade pode passar a perder o efeito. Se isso ocorrer, consulte seu médico e nunca aumente a dose por conta própria
  • Existem muitas propagandas irregulares de medicamentos para emagrecer nos meios de comunicação, por isso não acredite em promessas de emagrecimento rápido e fácil
  • Não compre medicamentos para obesidade pela internet ou em academias de ginástica, pois muitos não são autorizados pelo Ministério da Saúde e podem fazer mal a quem utiliza
  • Clínicas e consultórios não podem vender medicamentos para obesidade. O paciente tem a liberdade de escolher a farmácia de sua confiança para comprar ou manipular o medicamento prescrito
  • Fórmulas de emagrecimento com várias substâncias misturadas são proibidas pelo Ministério da Saúde e já provocaram mortes
                                        

Referências:
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php
http://www.infoescola.com/doencas/obesidade/
http://www.sbcbm.org.br/cbariatrica.php
Por Gabriella Riccardi

Lipídios- um pouquinho do básico

 Lipídios são moléculas de fórmula molecular variada que contêm hidrocarbonetos e compõem “blocos de montagem” da estrutura e função das células vivas. Diferentemente de outras classes de biomoléculas, não formam polímeros e não se caracterizam por apresentarem um grupo funcional específico. Em verdade, os lipídios se caracterizam por sua insolubilidade em água devido ao caráter apolar que apresentam.

   Em virtude disso, o grupo de lipídios é composto por uma ampla variedade de substâncias, que podem ser agrupadas em: gorduras, óleos, ceras, certas vitaminas, hormônios e a maior parte da membrana das células de proteína.

Composição


 Lipídios são compostos principalmente de hidrocarbonetos e são formas altamente reduzidas do carbono. Quando metabolizados, lipídios são oxidados para liberar grandes quantidades de energia e, portanto, são úteis para organismos vivos.

Origem


   Lipídios podem ser obtidos a partir de plantas e animais, usando solventes apolares como éter, clorofórmio e acetona.

Lipídios Hidrolisáveis/Não-hidrolisáveis


   Lipídeos que contêm um grupo funcional éster são hidrolisáveis em água. Esse grupo inclui glicolipídios, ceras, fosfolipídios e gorduras neutras. Lipídios Não-hidrolisáveis compreendem esteroides e vitaminas lipossolúveis (K,E,D,A). Gorduras e óleos são compostos de triglicérides (ou triglicerídeos), que, por sua vez, são formados por glicerol e 3 ácidos graxos para formar um triéster. A hidrólise completa de triglicérides produz três ácidos graxos e uma molécula de glicerol.

Abordaremos aqui algumas características de grupos lipídicos

 Ácidos graxos

   Ácidos graxos são ácidos carboxílicos de cadeia longa que podem ou não conter ligações duplas carbono-carbono. O número de átomos de carbono é quase sempre um número par e geralmente não ramificado. O ácido oléico é o ácido graxo mais abundante na natureza.
                       Crédito da imagem: Nacional Institute of General Medical Sciences

Óleos e gorduras/ceras

   São ésteres de ácidos carboxílicos de cadeia longa e álcoois de longa. Gordura é o nome usado para designar os triglicerídeos que, à temperatura ambiente, encontram-se em estado sólido. Quando esses ésteres são encontrados no estado líquido à temperatura ambiente, eles são chamados de óleos.

Gorduras Mono/poli-insaturadas e saturadas

   Ácidos graxos que não apresentam carbono com duplas ligações são chamados saturados, os que possuem uma ligação dupla C=C são monoinsaturados e aqueles que têm duas ou mais ligações duplas são chamados de poli-insaturados.

   As gorduras saturadas são normalmente oriundas de animais, enquanto que as insaturadas costumam ter origem vegetal Devido à conformação espacial que as gorduras insaturadas apresentam em virtude das duplas ligações, suas moléculas não se “encaixam” tão bem quanto as de gordura saturada, e por isso a quantidade de energia necessária para provocar uma mudança de estado é menor. Assim, gorduras saturadas têm ponto de ebulição maior que os da insaturada.

Síntese e função dos lipídios no corpo

 Podem ser obtidos ou produzidos a partir da gordura ingerida na dieta. Alguns lipídios podem ser produzidos a partir de vias biossintéticas, mas outros podem ser conseguidos exclusivamente pela dieta, esses são os lipídios essenciais.
 As principais funções desempenhadas pelos lipídios são: Composição da membrana plasmática, reserva energética, proteção mecânica de órgãos, precursores de hormônios, proteção contra o frio.

Referências:

Aspectos Psicossociais da Obesidade

     Os aspectos psicossociais e psiquiátricos da obesidade têm sido discutidos apenas recentemente apesar de o problema ter aumentado muito nas últimas quatro décadas. Muitos estudos já publicados contêm questões que devem ser analisadas e discutidas mais a fundo. Várias pesquisas, por exemplo, apontam para o preconceito da população em geral em relação aos obesos.

     O preconceito e a discriminação sofrida por essa parte da população pode ser observada rotineiramente em programas de televisão, como novelas, séries,  programas de humor, enfim. O estereótipo de obeso usado por esses programas é, de forma geral, de uma pessoa preguiçosa, burra, feia e suja, uma pessoa completamente fora dos padrões de beleza determinados pela sociedade.

     Além do preconceito, há o agravante demonstrado por estudos que pessoas com sobrepeso têm maior dificuldade em conseguir empregos mais concorridos, ficando com salários mais baixos, de forma geral. Esses estudos também comprovam que pessoas obesas têm menor nível de escolaridade e maior dificuldade de conseguir acesso a escolas que tenham algum tipo de seleção. 

     A percepção do preconceito por parte do obeso pode fazer que ele relute a procurar ajuda médica por medo de ser alvo de mais piadas e por vergonha de aceitar sua condição. Além disso, o médico pode estar menos interessado em tratar pacientes com sobrepeso, acreditando serem eles pessoas de pouca vontade e que menos se beneficiariam com o aconselhamento. Isso é comprovado por um estudo que afirmava que 80% dos pacientes de cirurgia bariátrica relatavam terem sido tratados desrespeitosamente sempre ou quase sempre pela classe médica devido ao peso.

     Uma observação importante a ser feita é que a obesidade não é classificada como transtorno psiquiátrico. Sim, parece uma afirmação rídicula a ser feita, mas, por muitos anos, ela foi compreendida como uma manifestação somática de um conflito psicológico subjacente. No entanto, na população de obesos que procuram tratamento, há um aumento de prevalência de transtornos psicológicos como causa. Alguns exemplos disso são: depressão, ansiedade, auto-conceito e confusão de sentimentos. Todos esses parecem estar associados de alguma forma como causa ou consequência da obesidade.

     Um estudo com durabilidade de 10 anos que comprova que o psicológico da pessoa está intimamente relacionada à sua possibilidade de se tornar obesa afirma que crianças negligenciadas pelos pais têm chance 9,8 vezes maior de se tornarem adultos obesos do que as crianças que não foram negligenciadas pelos pais. 

     Por esses e outros motivos, a obesidade é, ainda hoje, uma condição difícil de ser tratada. Mas é importante ressaltar que não há diferenças significativas do funcionamento psicológico entre pessoas obesas e não obesas e, portanto, aquelas têm as mesmas necessidades, confusões, exigências que estas.


Por Letícia Valério 


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Leptina


   A Leptina é um hormônio proteico, com 167 aminoácidos, secretado por adipócitos. Esse hormônio faz a comunicação da gordura corporal com o SNC, controlando a ingestão de alimentos e o metabolismo. A Leptina atua sobre o hipotálamo restringindo a ingestão de alimentos e aumentando o gasto energético. Dessa forma, está relacionada com o controle do peso corporal.

   Quando há aumento do número de adipócitos, há aumento na produção de leptina, que, por sua vez, diminui o consumo de nutrientes. Por outro lado, em um jejum, quando a glicemia e a taxa de insulina sérica estão baixas, a secreção de leptina é inibida. A leptina é sintetizada a partir da transcrição do gene ob, que já foi codificado. É transportada no sangue de forma livre ou ligada a proteínas e tem ação em tecidos periféricos, como no músculo esquelético, estimulando o metabolismo energético e centrais (hipotálamo), provocando a diminuição da ingestão de alimentos.

   Testes realizados com camundongos em laboratório detectaram que camundongos que não produzem leptina tem obesidade severa associada a hiperfagia, sendo uma causa hereditária de obesidade. Porém pode ocorrer também de o problema não estar na secreção de leptina, mas no transporte desse hormônio para o tecido nervoso ou no receptor de leptina.

   Em pessoas obesas, o nível sérico de leptina costuma estar elevado, o que se denomina de hiperleptinemia. A explicação para que não haja redução do peso corporal é que esse hormônio encontra dificuldade de atingir o tecido nervoso, seja por um deficiente transporte na barreira hematoencefálica ou por problemas no receptor, a isso se denomina resistência à leptina.

   Atualmente, consegue-se produzir leptina in vitro pela técnica da Leptina recombinante. Assim, é efetuado o tratamento de obesidade em humanos com leptina exógena nos casos em que há comprometimento da sua secreção pelos adipócitos.

   O conhecimento da leptina, sua síntese e mecanismo de ação, tem auxiliado na busca por procedimentos terapêuticos para obesidade. O grande desafio, entretanto, na busca por novos tratamentos, consiste em saber controlar a resistência a leptina, o que afeta a maioria dos casos de obesidade.
                                                             

Por Débora Saraiva



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Tecido Adiposo Branco (TAB)



Em seres humanos saudáveis, não-obesos, o tecido adiposo branco (TAB) compõe  20% do peso corporal em homens e 25% do peso corporal em mulheres, porém essa porcentagem em obesos é relativamente maior. As células do TAB contêm uma única e grande gota de gordura, o que obriga o núcleo a ser empurrado para dentro de um rebordo fino na periferia. Elas têm receptores para insulina, hormônios de crescimento, noradrenalina e glicocorticóides.


Distribuição do Tecido Adiposo Branco (TAB) no corpo humano

A função primariamente associadas às células adiposas brancas é a de armazenar triglicerídeos (TG) em seus citoplasmas, quando existe excedente energético disponível no sistema, de modo a conservá-la para momentos em que haja carência deste: Os estoques de glicogênio são muito pequenos para abastecer o organismo em situações de jejum, portanto, a gordura acumulada em forma de TG é o estoque de energia alongo prazo. A quantidade de gordura acumulada é o reflexo do equilíbrio entre o consumo e o gasto calórico ao longo do tempo, sendo o conteúdo de TG nos adipócitos um índice do acúmulo de gordura e sua mobilização.

Além dessa função,  também serve para constituir uma proteção mecânica e térmica para vísceras e para o organismo como um todo pois distribui-se principalmente subcutânea e visceralmente.  Como mencionado no post anterior,  o TAB possui função endócrina, e uma delas é a excreção da leptina, um hormônio produzido majoritariamente por esse mesmo tecido.  

A leptina é responsável pelo controle da ingestão alimentar ao reduzir o apetite,  informando ao cérebro que os estoques de energia em forma de gordura estão adequados através da inibição da formação de neuropeptídeos relacionados ao apetite. Do lado oposto, baixos níveis de leptina induzem hiperfagia.  
Entretanto, além desta função mais relevante e mais estudada, alguns estudos a relacionam à regulação de outros mecanismos biológicos, como reprodução, resposta imune e inflamatória, hematopoiese, angiogênese e formação óssea. Na obesidade, os níveis de leptina estão aumentados. Os animais que não produzem leptina tornam-se extremamente obesos.

O rato à esquerda é incapaz de produzir leptina, enquando o rato à direita é capaz de tal. Pode-se perceber que o rato incapaz (esquerda) tornou-se obeso.




Referências:
http://en.wikipedia.org/wiki/White_adipose_tissue
http://obesidade2012.wordpress.com/2012/05/24/tecido-adiposo-branco/
http://myrevolution.no/s/wp-content/uploads/2013/08/ahima_white_adipose_tissue.jpg
http://ananutriclinestetica.blogspot.com.br/2012/08/tecido-adiposo-atividade-metabolica-e.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leptina
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0b/Fatmouse.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4d/White_adipose_distribution_in_the_body..jpg

Por João Guilherme Léo


domingo, 6 de outubro de 2013

Tecido Adiposo: Considerações Iniciais



Definição



   O tecido adiposo é um tipo especial de tecido conjuntivo composto por diferentes tipos de células, como os adipócitos, células endoteliais, macrófagos, células do estroma vascular, fibroblastos, préadipócitos, dentre outros, mas há o predomínio dos adipócitos no tecido em questão. Ele é encontrado principalmente na tela subcutânea, contudo pode ser visto envolvendo alguns órgãos, como coração e rins.

Funções


   Uma das funções principais do tecido adiposo é o armazenamento de gordura em forma de triacilglicerol, para fins energéticos. Atua também como isolante térmico, ao contribuir para a manutenção da temperatura corporal, como amortecedor, ao se posicionar entre órgãos, e com isso ajuda a manter o posicionamento dos órgãos no corpo, e possui função endócrina produção de adipocina; esse assunto será abordado com mais detalhes ao se falar de tecido adiposo branco, no próximo post.


Desenvolvimento Evolutivo



   Na embriologia, estuda-se que a origem embrionária do tecido adiposo (tipo de tecido conjuntivo) é a mesoderme.

   Na figura abaixo, pode-se ver em detalhes que as células do tecido adiposo são provenientes de uma região lateral da mesoderme, e seu processo de diferenciação:

   Em termos de evolução, o tecido adiposo pode ser encontrado sob duas formas: o tecido adiposo branco (TAB) ou tecido adiposo unilocular, tipo de tecido com maior predominância em indivíduos adultos e serve como depósito para o excesso de energia; e o tecido adiposo marrom (TAM) ou tecido adiposo multilocular, que apresenta como função a geração de calor através do desacoplamento mitocondrial da oxidação lipídica e é encontrado exclusivamente em mamíferos.

   Produtos de genes e vias metabólicas compreendendo e controlando tecidos adiposos são traçadas a partir de suas origens em invertebrados, passando por vertebrados inferiores aos mamíferos e pássaros.

   Muitas funções do fígado e pâncreas de mamíferos ocorrem em tecido adiposo em animais inferiores. Aborda-se-ão diferenças entre tecido adiposo branco e marrom em posts subsequentes sobre tecido adiposo.




Referências:
http://www.luzimarteixeira.com.br/2010/06/adipocinas-obesidade-e-doencas-cronicas/
http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/33576/tecido-adiposo-morfologia-e-funcao
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido_adiposo
http://www.todabiologia.com/anatomia/tecido_adiposo.htm
http://link.springer.com/chapter/10.1007%2F978-1-4614-0965-6_8
Imagens
http://www.deltagen.com/target/histologyatlas/atlas_files/musculoskeletal/adipose_tissue_white_40x.jpg
http://lifemapdb.blob.core.windows.net/pub/uploadedFiles/images/Embryonic_Adipose_Origin.png

Por João Guilherme Léo

Absorção de lipídeos


   Os lipídeos constituem uma classe de biomoléculas com elevado teor energético e, por isso, são muito importantes para o nosso metabolismo. Este post trata de como essas moléculas, após a ingestão, são digeridas e, por fim, absorvidas pelo nosso organismo.


Trajeto dos lipídeos



  • Boca: Na boca, possuímos uma enzima chamada lipase lingual, uma esterase ácida que quebra a ligação éster do triacilglicerol e libera glicerol+ ácido graxo. Entretanto, essa enzima não contribui significativamente para a digestão de lipídeos porque lipases ácidas não atuam sobre triacilglicerois de cadeia grande e porque o alimento permanece pouco tempo na boca.
  • Estômago: A lipase gástrica também não tem uma contribuição muito efetiva, porque o pH estomacal é tão ácido que prejudica a eficiência dessa enzima, de modo que a velocidade da ação enzimática é bem reduzida, o que faz com que apenas algumas ligações ésteres de Ácidos Graxos de cadeia curta sejam quebradas.
  • Intestino: Quando o bolo alimentar chega ao intestino, ele induz a liberação do hormônio colecistocinina, que estimula a secreção pancreática e a contração da vesícula biliar, com a consequente liberação de bile, solução de caráter alcalino e amargo que contém água, bicarbonato de sódio, sais biliares, pigmentos, colesterol e bilirrubina, entre outros elementos.
   Os sais biliares são moléculas anfipáticas que atuam na solubilização dos glóbulos de gordura – são derivados do colesterol, conjugados de glicina ou taurina. São denominados primários quando excretados no duodeno (porção do intestino delgado que se comunica com o estômago) e secundários quando convertidos pela ação de bactérias intestinais.
       Esses sais biliares não agem quimicamente sobre as gorduras, mas permitem a emulsificação dos lipídeos, o que favorece a ação de outra lipase, a lipase pancreática.
      A lipase pancreática atua quebrando as triglicérides (triacilglicerois) em diglicérides e ácidos graxos livres.
     Cerca de 70% desses diglicérides são absorvidos no intestino. Os outros 30%, por sua vez, sofrem a ação da lipase pancreática novamente, o que origina monoglicérides, ácidos graxos e glicerol.
   Essa hidrólise dos triacilglicerídeos em monoglicérides, ácidos graxos e glicerol pode ser esquematizada da seguinte maneira:

   O hormônio colecistocinina, citado anteriormente, também estimula, assim como o hormônio secretina (secretado pelo próprio duodeno), a liberação do suco pancreático.

   O suco pancreático é rico em enzimas digestivas. Entre essas enzimas, tem-se a lipase pancreática (já citada), que promove a hidrólise das ligações ésteres dos lipídeos. A degradação dessas ligações libera ácidos graxos e colesterol. Outra reação de hidrólise que participa da digestão de lipídeos é a degradação de fosfolipídeos, que é promovida por fosfolipases pancreáticas e que tem como produto ácidos graxos e fosfolipídeos.

   Os produtos dessa digestão (ácidos gracos e monoglicerídeos) e os sais biliares formam então micelas, uma forma de agregação de compostos anfipáticos (que possuem grupos polares em uma parte apolar) que será absorvida pela mucosa intestinal. Os sais biliares são liberados de seus componentes lipídicos e devolvidos ao lúmen do intestino.

   Depois, os ácidos graxos absorvidos na mucosa intestinal são reconvertidos em triacilgliceróis, que, juntamente com o colesterol e as apoliproteínas formam o quilomícron, o que será esclarecido em postagens futuras.

Referências: