sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Bioquímica do Açúcar

Os açúcares fazem parte de um grande grupo de nutrientes energéticos - os carboidratos - e, em geral, eles possuem um sabor adocicado. Os açúcares mais comuns na alimentação humana são sacarose, frutose, glicose e, em menor quantidade, a galactose, que, juntamente com a glicose, forma o açúcar do leite: a lactose. A oxidação desses açúcares é a principal via metabólica fornecedora de energia para os organismos não-fotossintéticos.


A maioria dos açúcares são monossacarídeos (açúcares simples) ou dissacarídeos, ou seja, a união de dois açúcares simples pode formar açúcares mais complexos. Um exemplo, além da lactose, é a sacarose (açúcar da cana), que é a união de uma glicose a uma frutose. A união entre esses monossacarídeos ocorre por desidratação e a ligação é denominada glicosídica.

Primeiramente, descreverei os monossacarídeos, também denominados açúcares simples. Sua fórmula estrutural é, costumeiramente, Cn(H2O)n, 2 < n <8, sendo divididos em trioses (n=3), tetroses (n=4), pentoses (n=5), hexoses (n=6) ou heptoses (n=7).

De uma forma geral, os açúcares simples contêm em sua estrutura química carbonos assimétricos, ou seja, carbonos saturados com quatro ligantes diferentes. Isso acarreta na formação de dois isômeros - D ou L, por convenção - que desviam o plano da luz polarizada para lados diferentes. A maioria dos monocarboidratos que estão presentes em mamíferos pertencem à configuração D, sendo as enzimas responsáveis pelo metabolismo desses carboidratos específicas para essa configuração. Carboidratos que apresentam a configuração diferente em apenas um carbono são denominados epímeros.


 Além dessa classificação em D ou em L-carboidratos, os monossacarídeos também são classificados em aldoses ou cetoses dependendo da presença de um ou outro desses grupamentos (aldeído ou cetona, respectivamente).



Os dissacarídeos (como a lactose e a sacarose) são constituídos por dois monossacarídeos unidos covalentemente entre si por uma ligação glicosídica  a qual é formada quando um grupo hidroxil de uma molécula de açúcar reage com o átomo de carbono anomérico de outra molécula de açúcar. Essa reação ocorre por desidratação.


O açúcar e a obesidade


Um estudo de dezembro de 2012 publicado na British Medical Journey afirmou que há uma correlação entre a obesidade e o consumo de açúcar individual. Esse consumo de açúcar promove diversos malefícios se feito frequentemente e de maneira indiscriminada com relação à quantidade. Um deles é a hiperglicemia sanguínea contínua, que faz que o pâncreas permaneça produzindo insulina continuamente. Como resultado, o indivíduo pode desenvolver resistência a esse hormônio e levar à falência das células beta as ilhotas de Langerhans do pâncreas, aumentando sua predisposição ao desenvolvimento de diabetes tipo II (insulinoindependente).

Algo muito interessante de se levar em consideração é que os açúcares, em especial a frutose, agem diretamente no hipotálamo, uma região do sistema nervoso central que atua no controle da fome. O açúcar dificulta esse controle da fome e, dessa forma, o indivíduo irá comer mais e suas chances de desenvolver obesidade aumentam.

Um estudo que compara a queda do nível de glicose em pessoas obesas e não obesas por meio de ressonância magnética mostrou que, no primeiro grupo, o impulso para comer doces e lanches calóricos é especialmente forte em comparação ao segundo grupo. Além disso, a vontade dos obesos de se alimentarem continuava mesmo depois de eles já o terem feito, diferentemente das pessoas de peso normal, cujo desejo desaparecia após a alimentação. Isso tudo pode indicar que, em obesos, o mecanismo de restrição associado à glicose, por exemplo, foi perdido, explicando porquê essas pessoas sentem vontade de comer pouco depois da última refeição.


Por esses e outros motivos, a regulação no consumo de açúcares é importante para a o crescimento saudável do indivíduo. Caso isso não ocorra, há a possibilidade de desenvolvimento de várias doenças. Ao longo do nosso blog, falaremos mais da relação entre açúcar e obesidade e da própria obesidade em si.



Referências:

Livro Lehninger Princípios de Bioquímica; Editora Sarvier; 3 Edição; agosto de 2002.

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