domingo, 6 de outubro de 2013

Absorção de lipídeos


   Os lipídeos constituem uma classe de biomoléculas com elevado teor energético e, por isso, são muito importantes para o nosso metabolismo. Este post trata de como essas moléculas, após a ingestão, são digeridas e, por fim, absorvidas pelo nosso organismo.


Trajeto dos lipídeos



  • Boca: Na boca, possuímos uma enzima chamada lipase lingual, uma esterase ácida que quebra a ligação éster do triacilglicerol e libera glicerol+ ácido graxo. Entretanto, essa enzima não contribui significativamente para a digestão de lipídeos porque lipases ácidas não atuam sobre triacilglicerois de cadeia grande e porque o alimento permanece pouco tempo na boca.
  • Estômago: A lipase gástrica também não tem uma contribuição muito efetiva, porque o pH estomacal é tão ácido que prejudica a eficiência dessa enzima, de modo que a velocidade da ação enzimática é bem reduzida, o que faz com que apenas algumas ligações ésteres de Ácidos Graxos de cadeia curta sejam quebradas.
  • Intestino: Quando o bolo alimentar chega ao intestino, ele induz a liberação do hormônio colecistocinina, que estimula a secreção pancreática e a contração da vesícula biliar, com a consequente liberação de bile, solução de caráter alcalino e amargo que contém água, bicarbonato de sódio, sais biliares, pigmentos, colesterol e bilirrubina, entre outros elementos.
   Os sais biliares são moléculas anfipáticas que atuam na solubilização dos glóbulos de gordura – são derivados do colesterol, conjugados de glicina ou taurina. São denominados primários quando excretados no duodeno (porção do intestino delgado que se comunica com o estômago) e secundários quando convertidos pela ação de bactérias intestinais.
       Esses sais biliares não agem quimicamente sobre as gorduras, mas permitem a emulsificação dos lipídeos, o que favorece a ação de outra lipase, a lipase pancreática.
      A lipase pancreática atua quebrando as triglicérides (triacilglicerois) em diglicérides e ácidos graxos livres.
     Cerca de 70% desses diglicérides são absorvidos no intestino. Os outros 30%, por sua vez, sofrem a ação da lipase pancreática novamente, o que origina monoglicérides, ácidos graxos e glicerol.
   Essa hidrólise dos triacilglicerídeos em monoglicérides, ácidos graxos e glicerol pode ser esquematizada da seguinte maneira:

   O hormônio colecistocinina, citado anteriormente, também estimula, assim como o hormônio secretina (secretado pelo próprio duodeno), a liberação do suco pancreático.

   O suco pancreático é rico em enzimas digestivas. Entre essas enzimas, tem-se a lipase pancreática (já citada), que promove a hidrólise das ligações ésteres dos lipídeos. A degradação dessas ligações libera ácidos graxos e colesterol. Outra reação de hidrólise que participa da digestão de lipídeos é a degradação de fosfolipídeos, que é promovida por fosfolipases pancreáticas e que tem como produto ácidos graxos e fosfolipídeos.

   Os produtos dessa digestão (ácidos gracos e monoglicerídeos) e os sais biliares formam então micelas, uma forma de agregação de compostos anfipáticos (que possuem grupos polares em uma parte apolar) que será absorvida pela mucosa intestinal. Os sais biliares são liberados de seus componentes lipídicos e devolvidos ao lúmen do intestino.

   Depois, os ácidos graxos absorvidos na mucosa intestinal são reconvertidos em triacilgliceróis, que, juntamente com o colesterol e as apoliproteínas formam o quilomícron, o que será esclarecido em postagens futuras.

Referências:

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