O preconceito e a discriminação sofrida por essa parte da população pode ser observada rotineiramente em programas de televisão, como novelas, séries, programas de humor, enfim. O estereótipo de obeso usado por esses programas é, de forma geral, de uma pessoa preguiçosa, burra, feia e suja, uma pessoa completamente fora dos padrões de beleza determinados pela sociedade.
Além do preconceito, há o agravante demonstrado por estudos que pessoas com sobrepeso têm maior dificuldade em conseguir empregos mais concorridos, ficando com salários mais baixos, de forma geral. Esses estudos também comprovam que pessoas obesas têm menor nível de escolaridade e maior dificuldade de conseguir acesso a escolas que tenham algum tipo de seleção.
A percepção do preconceito por parte do obeso pode fazer que ele relute a procurar ajuda médica por medo de ser alvo de mais piadas e por vergonha de aceitar sua condição. Além disso, o médico pode estar menos interessado em tratar pacientes com sobrepeso, acreditando serem eles pessoas de pouca vontade e que menos se beneficiariam com o aconselhamento. Isso é comprovado por um estudo que afirmava que 80% dos pacientes de cirurgia bariátrica relatavam terem sido tratados desrespeitosamente sempre ou quase sempre pela classe médica devido ao peso.
Uma observação importante a ser feita é que a obesidade não é classificada como transtorno psiquiátrico. Sim, parece uma afirmação rídicula a ser feita, mas, por muitos anos, ela foi compreendida como uma manifestação somática de um conflito psicológico subjacente. No entanto, na população de obesos que procuram tratamento, há um aumento de prevalência de transtornos psicológicos como causa. Alguns exemplos disso são: depressão, ansiedade, auto-conceito e confusão de sentimentos. Todos esses parecem estar associados de alguma forma como causa ou consequência da obesidade.
Um estudo com durabilidade de 10 anos que comprova que o psicológico da pessoa está intimamente relacionada à sua possibilidade de se tornar obesa afirma que crianças negligenciadas pelos pais têm chance 9,8 vezes maior de se tornarem adultos obesos do que as crianças que não foram negligenciadas pelos pais.
Por esses e outros motivos, a obesidade é, ainda hoje, uma condição difícil de ser tratada. Mas é importante ressaltar que não há diferenças significativas do funcionamento psicológico entre pessoas obesas e não obesas e, portanto, aquelas têm as mesmas necessidades, confusões, exigências que estas.
Por Letícia Valério
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