A adiponectina
(ApN) é um hormônio proteico sintetizado pelos adipócitos. É uma adipocina
codificada pelo gene ADIPOQ, possuindo 244 aminoácidos, em uma estrutura com
quatro regiões, sendo a última região globular (gApN).
A
adiponectina circula na corrente sanguínea em concentrações relativamente altas,
quando comparadas com outros hormônios. Entretanto, ao contrário de outras
adipocinas (hormônios sintetizados pelos adipócitos, como a leptina), a
adiponectina encontra-se em quantidade reduzida na obesidade e suas comorbidades,
como diabetes tipo 2, estado de resistência à insulina e na doença arterial
coronariana.
A
adiponectina tem uma ação anti-inflamatória e antiaterogênica. Essa proteína
atua de forma protetiva sobre o endotélio de vasos sanguíneos, evitando
aterosclerose. Dessa forma, a maior suscetibilidade de formação de placa de
ateroma em obesos pode ser parcialmente explicada pelas baixas taxas desse hormônio
na obesidade[2].
A atuação da
ApN sobre o fluxo de glicose é hipoglicêmico. Ela realça a sensibilidade à
insulina, o que, por sua vez, diminue a resistência à insulina. Além disso, aumenta
a supressão insulino-dependente da gliconeogênese e estimula a absorção de
glicose pelo músculo, o que diminue a taxa sérica de glicose.
Sobre o
metabolismo lipídico, a ApN tem um papel estimulador da β-oxidação de ácidos graxos em vários tecidos, incluindo fígado
e músculos. Estimula também a termogênese, com aumento do dispêndio de energia.
A adiponectina
acopla-se a pelo menos dois tipos de receptores já identificados ADIPOR1 (adiponectin receptor 1) e ADIPOR2 (adiponectin receptor 2). Esses
receptores têm distribuição diferenciada nos tecidos, sendo o ADIPOR1 mais
comum em músculos e com alta afinidade pela porção globular da ApN (gApN) e o
ADIPOR2 encontra-se principalmente no fígado. No tecido adiposo, ambos os tipos
de receptores estão presentes.
Em um estudo
realizado com ratos transgênicos (Tg) que expressam mais adiponectina que ratos
normais, pode-se obter vários dados acerca dos efeitos da ApN em múltiplos
processos metabólicos. Com relação ao metabolismo da glicose, observou-se nos
ratos transgênicos uma diminuição da concentração plasmática basal de glicose e
insulina quando comparados com o grupo controle. Dessa forma, comprovou-se as
propriedades anti-diabéticas da ApN, que reduziu a hiperglicemia e a
hiperinsulinemia. Também foi observado em ratos Tg que os índices de
resistência à insulina estavam diminuídos e através do teste de tolerância à
insulina, confirmou-se o realce da sensibilidade à insulina[1].
Quanto ao
perfil lipídico, demonstrou-se que em ratos Tg, a concentração plasmática de
triglicerídeos, colesterol e ácidos graxos livres no sangue estavam reduzidos.
Além disso, mediante testes de calorimetria, detectou-se uma maior dissipação
de energia na termogênese, indicando uma taxa de metabolismo mais acelerada.
Entretanto, não houve aumento na ingestão de alimentos nos ratos transgênicos[1].
Dessa forma,
conclui-se que a adiponectina, com suas importantes propriedades, tem amplo
potencial para ser aplicado de forma terapêutica nos desarranjos metabólicos
relacionados a baixas taxas desse hormônio[2].
Referências:
1. Overexpression of adiponectin Targeted to Adipose tissue in transgenic mice:
Impaired Adipocyte differentiation. Isabelle B. Bauche, Samira Ait El
Mkadem, Anne-Marie Pottier, Maximin Senou, Marie-Christine Many, René
Rezsohazy, Luc Penicaud, Norikazu Maeda, Tohru Funahashi and Sonia M. Brichard,
in Endocrinology
2. The role of the novel adipocyte-derived
hormone adiponectin in human disease. JJ Diez and P Iglesias, in European
Journal of Endocrinology.
3. en.wikipedia.org/wiki/Adiponectin
Por Débora Saraiva
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