domingo, 10 de novembro de 2013

Adiponectina

   A adiponectina (ApN) é um hormônio proteico sintetizado pelos adipócitos. É uma adipocina codificada pelo gene ADIPOQ, possuindo 244 aminoácidos, em uma estrutura com quatro regiões, sendo a última região globular (gApN).
   A adiponectina circula na corrente sanguínea em concentrações relativamente altas, quando comparadas com outros hormônios. Entretanto, ao contrário de outras adipocinas (hormônios sintetizados pelos adipócitos, como a leptina), a adiponectina encontra-se em quantidade reduzida na obesidade e suas comorbidades, como diabetes tipo 2, estado de resistência à insulina e na doença arterial coronariana.
   A adiponectina tem uma ação anti-inflamatória e antiaterogênica. Essa proteína atua de forma protetiva sobre o endotélio de vasos sanguíneos, evitando aterosclerose. Dessa forma, a maior suscetibilidade de formação de placa de ateroma em obesos pode ser parcialmente explicada pelas baixas taxas desse hormônio na obesidade[2].
   A atuação da ApN sobre o fluxo de glicose é hipoglicêmico. Ela realça a sensibilidade à insulina, o que, por sua vez, diminue a resistência à insulina. Além disso, aumenta a supressão insulino-dependente da gliconeogênese e estimula a absorção de glicose pelo músculo, o que diminue a taxa sérica de glicose.
   Sobre o metabolismo lipídico, a ApN tem um papel estimulador da β-oxidação de ácidos graxos em vários tecidos, incluindo fígado e músculos. Estimula também a termogênese, com aumento do dispêndio de energia.
   A adiponectina acopla-se a pelo menos dois tipos de receptores já identificados ADIPOR1 (adiponectin receptor 1) e ADIPOR2 (adiponectin receptor 2). Esses receptores têm distribuição diferenciada nos tecidos, sendo o ADIPOR1 mais comum em músculos e com alta afinidade pela porção globular da ApN (gApN) e o ADIPOR2 encontra-se principalmente no fígado. No tecido adiposo, ambos os tipos de receptores estão presentes.
   Em um estudo realizado com ratos transgênicos (Tg) que expressam mais adiponectina que ratos normais, pode-se obter vários dados acerca dos efeitos da ApN em múltiplos processos metabólicos. Com relação ao metabolismo da glicose, observou-se nos ratos transgênicos uma diminuição da concentração plasmática basal de glicose e insulina quando comparados com o grupo controle. Dessa forma, comprovou-se as propriedades anti-diabéticas da ApN, que reduziu a hiperglicemia e a hiperinsulinemia. Também foi observado em ratos Tg que os índices de resistência à insulina estavam diminuídos e através do teste de tolerância à insulina, confirmou-se o realce da sensibilidade à insulina[1].
   Quanto ao perfil lipídico, demonstrou-se que em ratos Tg, a concentração plasmática de triglicerídeos, colesterol e ácidos graxos livres no sangue estavam reduzidos. Além disso, mediante testes de calorimetria, detectou-se uma maior dissipação de energia na termogênese, indicando uma taxa de metabolismo mais acelerada. Entretanto, não houve aumento na ingestão de alimentos nos ratos transgênicos[1].
   Dessa forma, conclui-se que a adiponectina, com suas importantes propriedades, tem amplo potencial para ser aplicado de forma terapêutica nos desarranjos metabólicos relacionados a baixas taxas desse hormônio[2].

  

Referências:
1. Overexpression of adiponectin  Targeted to Adipose tissue in transgenic mice: Impaired Adipocyte differentiation. Isabelle B. Bauche, Samira Ait El Mkadem, Anne-Marie Pottier, Maximin Senou, Marie-Christine Many, René Rezsohazy, Luc Penicaud, Norikazu Maeda, Tohru Funahashi and Sonia M. Brichard, in Endocrinology
2. The role of the novel adipocyte-derived hormone adiponectin in human disease. JJ Diez and P Iglesias, in European Journal of Endocrinology.
3. en.wikipedia.org/wiki/Adiponectin

Por Débora Saraiva

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