domingo, 3 de novembro de 2013

Entendendo mais sobre a Liraglutida


   A liraglutida é um fármaco bastante novo, conhecido no mercado como Victoza®. Foi aprovado pelo FDA em janeiro de 2010 para tratar diabetes mellitus tipo 2 em adultos. No Brasil, o fármaco teve registro e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária em março de 2010 para a seguinte indicação: "adjuvante da dieta e atividade física para atingir o controle glicêmico em pacientes adultos com diabetes mellitus tipo 2, para administração uma vez ao dia como monoterapia ou como tratamento combinado com um ou mais antidiabéticos orais (metformina, sulfoniluréias ou uma tiazollidinediona), quando o tratamento anterior não proporciona um controle glicêmico adequado."

   O mecanismo de reação da Liraglutida é análogo ao  do hormônio GLP-1 com ação agonista sobre seus receptores. O GLP-1 é produzido pelas células neuroendócrinas L da mucosa intestinal e sua secreção no período pós-prandial é estimulada por nutrientes. O GLP-1 é um dos principais responsáveis pelo efeito incretina, denominação que se aplica ao fato de que a glicose quando administrada por via oral, ter um poder 60% maior de estimular a secreção de insulina do que quando aplicada por via endovenosa. O efeito incretina ocorre porque o GLP-1 estimula a secreção de insulina, além disso, o GLP-1 inibe a secreção do glucagon. Estas ações são glicose-dependentes e apenas observadas em condições de hiperglicemia.


   A droga circula no organismo em quantidade muito maior do que o hormônio natural, além de permanecer durante muito mais tempo. Isso retarda o esvaziamento do estômago, o que inibe a fome. A droga atua também no cérebro, mais precisamente no hipotálamo, região onde fica o centro da saciedade, prolongando a sensação de satisfação mesmo com pouca comida. A aplicação - diária - é feita pelo próprio paciente por meio de uma caneta de injeção subcutânea no abdômen, na coxa ou no braço.

   A perda de peso com o uso da Liraglutida pode atingir de 3 a 5 kg por mês e até mais, se for associado a restrição de calorias na alimentação e atividade física moderada e assídua. Na média, em quem não faz restrição calórica e não tem uma atividade física frequente, a perda é de 7-8 kg em 5 meses de tratamento (85% dos casos).

   Por tratar-se de fármaco novo, ainda não há dados suficientes sobre as consequências do uso prolongado. Contudo, com base nos ensaios clínicos disponíveis, sabe-se que o uso de liraglutida está associado a efeitos sobre a tireoide, particularmente em pacientes com doença pré-existente nesta glândula; entre os relatos incluem-se aumento da calcitonina sanguínea, bócio e neoplasias da tireoide. Seu uso está contraindicado em pacientes com história própria ou familiar de câncer medular da tireoide e em pacientes com síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2. Seu uso não é recomendado para pacientes com disfunção renal relevante. Os efeitos adversos mais frequentes da liraglutida são transitórios e incluem: náusea, diarreia, vômito e cefaleia. Náusea levou a um índice de cerca de 4% de abandono dos pacientes em diversos estudos clínicos. Assim sendo, levando-se em conta os riscos das reações adversas e interações relacionadas ao Victoza® e considerando que não há evidências científicas que assegurem o uso do Victoza® para finalidades diferentes da indicação já preconizada, as agências regulatórias de saúde consideram o uso off-label do Victoza® de elevado risco sanitário para a saúde da população.



Por Gabriella Riccardi

Nenhum comentário:

Postar um comentário